Matheus, 8 anos, morto pelo Estado

Cinco anos da morte do pequeno Matheus na Maré: a infância das favelas não pode mais morrer pelas balas do Estado!

http://www.redecontraviolencia.org/Atividades/925.html

No dia 05/12/2008 Matheus Rodrigues Carvalho, 8 anos, estava saindo de casa, na Baixa do Sapateiro, Maré, para comprar pão quando foi atingido por um tiro na cabeça, morrendo na hora. Sua mãe, Gracilene, ainda conseguiu ver um policial afastando-se da rua. A polícia logo apresentou a versão de que no momento havia uma troca de tiros entre traficantes, mas moradores relataram que não havia tiroteio na hora. Moradores protestaram fechando avenidas e exigindo a presença da perícia, que só constatou a existência do projétil que matara Matheus, jogando por terra a versão da polícia. A foto da pequena mão ensangüentada de Matheus ainda segurando a moeda com que ia comprar pão foi publicada em vários jornais e tornou-se símbolo da matança realizada pelo Estado nas favelas do Rio e do Brasil. No mesmo dia e quase na mesma hora, o presidente Lula lançava no Complexo do Alemão o programa Territórios da Paz. A primeira UPP havia sido instalada há poucos dias na favela Santa Marta.

matheus Cinco anos depois, mesmo comUPP (ou por causa delas, como se vê pelo caso de Amarildo) mortes e desaparecimentos de moradores de favelas continuam acontecendo devido à ação da polícia. A Maré, em particular, vive já há alguns meses uma situação de grande violência, na expectativa de instalação de UPPs na área no primeiro semestre do ano que vem. Embora a polícia e a imprensa destaquem principalmente os tiroteios devido às disputas entre facções do tráfico, grande parte dos problemas acontece devido às “operações” policiais sem critério realizadas em horários em que crianças e moradores estão circulando pelas ruas. Inúmeros abusos têm sido cometidos, inclusive bebês em creches tendo suas fraldas revistadas por policiais. E, no dia 24/06, houve a terrível chacina de vingança cometida por policiais, principalmente do Bope, na qual ao menos 10 pessoas foram executadas, durante o auge das manifestações populares daquele mês, outro fato que gerou protestos na comunidade e em toda a cidade.

A conduta da polícia nas favelas do Rio de Janeiro e do Brasil, desgraçadamente, criam uma situação em que muitos Matheus ainda podem cair. Muitas já foram as crianças mortas em favelas desde então em circunstâncias parecidas, e muitas mais estão traumatizadas e com seu futuro comprometido por toda esta violência onde o Estado, que deveria garantir os direitos da população, tem um papel central e terrível.

Um dos fatores que permite que essa calamidade perdure é a quase total impunidade dos policiais e outros agentes do Estado que cometem crimes graves como foi o assassinato de Matheus. O inquérito criminal sobre a morte arrasta-se há anos sem conclusão, e o próprio policial que desferiu o tiro acabou morrendo em serviço antes que pudesse responder pelos seus crimes judicialmente. Os demais policiais envolvidos na operação de cinco anos atrás seguem em atividade. Também a justa reparação da família do menino, em primeiro lugar de sua mãe, Gracilene, até hoje não aconteceu, e o Estado precisa ser levado a juízo, em processos que demoram anos, para que reconheça sua responsabilidade.

É por isso tudo que estaremos no próximo sábado, 07/12, lembrando os 5 anos da morte de Matheus, da luta e do protesto dos moradores da Maré por justiça e contra a violência do Estado, e da luta popular para a transformação dessa realidade trágica.

  • 14h – Manifestação na rua onde Matheus morava e foi morto, Rua Oliveira na Baixa do Sapateiro;
  • 17h – Caminhada pelas ruas da Maré;
  • 18h – Atividade sobre os 14 anos de O Cidadão, jornal comunitário da Maré que teve papel importante no caso de Matheus e de várias outras lutas por direitos na Maré (no Ceasm, Timbau).

Crimes de Estado

No mesmo dia em que dezenas de manifestantes foram lançados nas masmorras do Estado reacionário, por terem cometido o hediondo crime de lutarem por um mundo melhor, dezenas de pessoas atenderam ao chamado da Frente Independente Popular – RJ e participaram de ato público pela libertação dos presos políticos, na Cinelândia.

Mesmo debaixo de forte chuva, com poucas horas de mobilização, e cientes do risco que corriam em se manifestarem no dia seguinte ao que o Estado mostrou sua verdadeira face de instrumento de repressão ao povo, os manifestantes não abaixaram a cabeça e denunciaram a política fascista de criminalização da luta popular.

Dos detidos, 84 foram enviados para presídios de maiores e menores, acusados dos “crimes” mais surreais e infundados possíveis. Mas apesar do terrorismo de Estado, que tenta salvaguardar os interesses das classes dominantes neste momento em que o povo se levanta contra a ordem estabelecida; apesar da criminalização feita pelos monopólios dos meios de comunicação; apesar do ataque de quinta coluna do oportunismo, os manifestantes não sairão das ruas enquanto um companheiro que seja permaneça refém dos bandidos fardados e engravatados.

Criminosos são os grandes burgueses e latifundiários, que vivem na opulência às custas da exploração do trabalho de milhões de brasileiros!

Criminoso é o Estado, que rouba e violenta o povo diariamente de todas as formas possíveis, incluindo a violência mais extrema que é a eliminação física, como o massacre do povo pobre nas favelas e no campo. Criminosos são os monopólios dos meios de comunicação, que criminalizam a justa revolta popular!

Presos políticos, liberdade já!
Lutar não é crime, vocês vão nos pagar!

Viva a luta popular!
Rebelar-se é justo!
Não vai ter Copa!

FIM da Polícia Militar

A Polícia Militar afastou dois PMs que agrediram a jovem que estaria fazendo um documentário durante a manifestação de terça-feira (27), na Lapa, no Centro do Rio. Segundo o porta-voz da corporação, eles passarão por uma reavaliação psicológica e responderão a uma sindicância. Porém, isso nos leva a pensar: quem viu pessoalmente ou por vídeos sabe que não foram só dois PMs que participaram da brutal agressão a esta e outras jovens. Não queremos o afastamento de alguns PMs para abafar o caso e sim o FIM da polícia Militar no Rio de Janeiro!

NÃO ACABOU! TEM QUE ACABAR! EU QUERO O FIM DA POLÍCIA MILITAR!

A polícia de sempre!

Mais um vídeo do dia 27/08, que mostra nitidamente a truculência do major Ramos e de outros policiais contra os manifestantes e a mídia independente. O vídeo mostra também todo o apoio da população que já está indignada com tantos absurdos cometidos pelo governo do Sergio Cabral e a PMERJ.

http://www.youtube.com/watch?v=tsIAC99DM10

Sobre o ato do dia 27 de agosto

Saudações, companheiros de luta. A Frente Independente Popular (FIP) vem saudar todos os companheiros (as) da resistência e dar todo o apoio para que continuemos a resistir. A polícia mais uma vez truculenta e arbitrária faz o que bem quer com manifestantes que tentam se expressar, mas isso só vai aumentar nossa luta cada vez mais.

IR AO COMBATE SEM TEMER!
OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!

http://www.youtube.com/watch?v=VAlBxPxcJGI

Morre primeiro manifestante

http://jornalriocarioca.com/jornal/?p=12088

MORRE O PRIMEIRO MANIFESTANTE NO RIO, POR ARMA “NÃO” LETAL

Atingido por muita fumaça da bomba de gás lacrimogênio e spray de pimenta durante manifestação, dia 20 de junho, no Centro do Rio de Janeiro. Fernando Silva, de 34 anos, foi internado no Hospital Albert Sabin. Ainda no quarto do hospital, dia 30/07, “Fernandão” fez um vídeo falando sobre o caso.

A morte do manifestante foi divulgada pela grande mídia, devido apenas aos problemas respiratórios. Porém não citaram o que levou à internação e aos problemas respiratórios: a arma “não” letal usada pela Polícia Militar durante os protestos no Rio de Janeiro. Anão, ele sofria de doença pulmonar crônica. O fato dele ter respirado gases lacrimogênio e de pimenta durante o protesto no centro do Rio em 20 de junho.

Texto: Phellipe Colman

http://www.youtube.com/watch?v=FnRFt1cQ0qQ

O ator e cantor Fernando Silva faleceu, nesta quarta-feira, aos 34 anos, em decorrência de problemas respiratórios, no Hospital Albert Sabin. Ele foi um dos fundadores do Cinema de Guerrilha da Baixada, que une cineastas de São João de Meriti para dar oficinas a jovens da periferia e para produzir filmes com poucos recursos.