Nota de repúdio à criminalização das lutas populares

A Frente Independente Popular do Rio de Janeiro (FIP-RJ) vem a público repudiar a campanha orquestrada pela imprensa burguesa e pelo Estado brasileiro, que visa desmobilizar e criminalizar os protestos populares. É vergonhoso que a morte do trabalhador Santiago Andrade, que exercia sua profissão sem as mínimas condições de segurança no trabalho, seja utilizada para tentar manipular a opinião das pessoas com o objetivo de jogar povo contra povo. O acidente ocorreu durante um conflito iniciado pela polícia. Santiago e sua família são vítimas da política de brutal repressão aos protestos desencadeada por Sérgio Cabral e José Mariano Beltrame. Muitas outras pessoas, inclusive jornalistas, já foram feridas e mesmo mortas em manifestações e o monopólio de imprensa sequer noticiou. Em virtude disso, a FIP-RJ não dialoga com a Globo, Bandeirantes, SBT, Record etc.

Condenamos a postura provocadora e antiética do advogado Jonas Tadeu, defensor de milicianos, que está usando seus clientes para tentar desmoralizar o movimento popular. É leviana a acusação de que as manifestações são financiadas. O povo vai para as ruas lutar pelos seus direitos diariamente desrespeitados. Os protestos têm como base a ampla insatisfação da população com as atuais condições de vida. Basta ver as diversas revoltas populares ocorridas em nossa cidade nos últimos dias como, por exemplo, na Praça Seca, Engenho Novo ou na Supervia. A Frente Independente Popular jamais financiou qualquer militante para participar de manifestações. Lutamos pelo povo e com o povo.

É com medo de que o aumento das manifestações comprometa a realização da Copa do Mundo que inúmeras medidas repressivas estão sendo tomadas. A Lei Antiterrorismo, a Lei de Crime de Desordem em Local Público, a Lei Geral da Copa e a Portaria Normativa do Ministério da Defesa, qualificando movimentos sociais como “forças oponentes”, evidenciam a farsa do suposto Estado Democrático de Direito que, de fato, é um Estado autoritário e policial.

A Frente Independente Popular não é um partido político. Surgida das jornadas de junho de 2013, defende os princípios de classismo, combatividade e independência, rechaçando a farsa eleitoral.

Defendemos o direito de resistência e rebelião das classes oprimidas e exploradas. Entendemos que cabe ao povo escolher os seus métodos de luta, de acordo com a situação concreta. Apesar de toda a manipulação, as manifestações não cessaram. Conclamamos o povo a permanecer nas ruas. A emancipação dos trabalhadores só poderá ser obra dos próprios trabalhadores.

Viva a luta da classe trabalhadora! Viva a luta do povo!
Frente Independente Popular – RJ, 14/02/2014.

Nota de repúdio

Nota de repúdio à violência da Polícia e das Forças Armadas

A Frente Independente Popular (FIP-RJ) repudia a violenta ação da polícia e das Forças Armadas contra a população civil no dia 06 de fevereiro, quando o Rio de Janeiro viveu novas cenas de confronto entre um povo indignado e uma polícia cada vez mais violenta. Durante um protesto contra o aumento das tarifas de ônibus, os manifestantes que entraram na Central para realizar um novo “catracaço” e, assim, liberar a passagem para o povo, foram duramente reprimidos com bombas de efeito moral, spray de pimenta, gás lacrimogênio, balas de borracha e cassetetes.

A “grande imprensa” não cessa em falar sobre o caso do cinegrafista da Band, mas não noticia que a própria polícia continuou jogando bombas de efeito moral e gás lacrimogênio contra manifestantes e jornalistas que procuravam ajudá-lo, dificultando o atendimento médico, mesmo após perceber que havia uma pessoa ferida. O fato é: Santiago Andrade é mais uma vítima do Estado, pois sua lesão (e agora o infeliz falecimento) é consequência da situação de conflito e das agressões iniciadas pela polícia.

Além disso, as grandes emissoras silenciaram sobre os tantos manifestantes e populares agredidos, humilhados, presos e torturados pela polícia e pelo Exército. Sequer noticiaram a morte de um idoso, Tasnan Accioly, de 65 anos, que teve as pernas esmagadas após ser atropelado por um ônibus, quando em meio à correria fugia do gás lacrimogênio e das bombas de efeito moral lançados pela polícia.

Police_extermination_policy_by_Latuff2A mídia burguesa não informou nada sobre o senhor algemado e imobilizado com o corpo jogado ao chão; sobre o menino que apanhou de dez policiais; a mulher que caiu e ficou ao solo sendo atendida por socorristas; a grávida que passou mal; os inúmeros manifestantes que foram presos ilegalmente; os jovens isolados dentro do Palácio Duque de Caxias, presos pelo Exército. Muitas pessoas sofreram violência policial dos tipos mais diferenciados.

Houve um outro fenômeno: os jovens que foram presos dentro do Palácio Duque de Caxias sofreram agressões da polícia do Exército. Esses dois jovens, contrariando toda a Constituição da República, foram isolados, ficando sem comunicação com advogados. Acusados de crime militar sem o menor fundamento legal, sentiram na pele os anos de chumbo que o Brasil já passou.

As Forças Armadas declararam que estão ao lado da repressão, como estiveram durante a ditadura militar e como sempre tem estado quando a sua missão de “defender a ordem” aparece. Uma ordem corrupta e desumana, que defende os governantes e capitalistas e reprime as classes exploradas.

Apesar de toda a violência, o Rio de Janeiro viu seu povo oprimido e explorado lutar bravamente. Barricadas construídas, bandeiras tremulando, bombas devolvidas. Os lutadores e lutadoras que enfrentaram – sem qualquer aparato militar – a Tropa de Choque da PMRJ, lutaram guiados por justiça, pelo desejo de mudança. Lutaram e lutam não só por acreditar, mas por saber que podem mudar a própria realidade.

LUTAR NÃO É CRIME!

11/02/2014
Frente Independente Popular RJ

SOLIDARIEDADE A FABRICIO CHAVES!

SOLIDARIEDADE A FABRICIO CHAVES!

Fabricio Chaves foi baleado pela Polícia Militar ao final do ato contra a Copa do Mundo, em São Paulo, no dia 25 de janeiro. Mais uma vez, a prática autoritária da polícia em defesa dos interesses do Estado e do capital faz novas vítimas, ganhando respaldo dos agentes públicos e da mídia burguesa. Após ser perseguido por policiais militares que, até hoje, não afirmaram qual crime Fabricio Chaves havia cometido, o manifestante é atingido, sangrando o máximo de tempo até ser conduzido ao hospital pelos próprios policiais, que desfizeram a cena do crime e impediram que a ambulância prestasse, de imediato, o socorro necessário.

Moradores ouviram os policiais gritando “Mata! Mata!”. Um defensor público teve dificuldades para ter acesso ao local da agressão. Além da alteração da cena do crime, as manipulações em torno dos acontecimentos são constantes, chegando ao cúmulo de afirmar que a polícia agiu em legítima defesa. Legítima defesa de perseguir alguém que não cometeu crime nenhum? Que apenas participava de uma manifestação? Legítima defesa de dar tiros contra um homem desarmado? De deixar sangrar e negar o socorro?

IMG_1584 copyOs advogados que passaram a acompanhar Fabricio foram ameaçados de morte, para que deixassem o caso e saíssem das ruas. Para construir a tese de que Fabricio agrediu os policiais e de que os policiais agiram em legítima defesa, a polícia extorquiu o depoimento de Fabricio, que ainda estava medicado e no hospital, sem o acompanhamento de um advogado, contrariando todas as normas constitucionais e legais. Tudo é feito pelos poderosos para criminalizar os que lutam e legitimar as ações violentas da polícia.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em nota, reproduz a velha história que sempre ocorre nas favelas: perseguir o inimigo e, sendo o inimigo, a polícia se vê no direito de matar e agredir. O Estado acusa a tática black bloc de ser um grupo e esse “grupo” passou a ser seu inimigo. Basta usar uma camisa no rosto para a atuação ofensiva da polícia ser “legitimada” pelo Estado e pela mídia burguesa.

As classes dominantes estão se articulando para criar esse novo “inimigo público” e, para isso, estão usando todos os artifícios: os mascarados, “black blocs”, vândalos etc. E, criando-o, querem transformar todo o manifestante nesse inimigo. A repressão é a ordem, a garantia do capital e dos lucros é o objetivo.

Mas não! A polícia não tem o direito de perseguir, de agredir e de matar! E os manifestantes, os que usam ou não a tática black bloc, os “mascarados” não são inimigos do povo. É com o povo, com as classes oprimidas e exploradas, que eles estão nas ruas, pela melhora nas condições de vida da população. Fabricio e os demais manifestantes estão lutando contra a Copa do Mundo da Fifa, que violenta os direitos, remove pessoas e mata trabalhadores. Essa luta é legítima e não terminará com a repressão policial.

TODO APOIO A FABRICIO CHAVES!
BASTA DE REPRESSÂO!
NÃO VAI TER COPA!

11/02/2014
FRENTE INDEPENDENTE POPULAR RJ

Plenária Final: Plenária de Organização

I Encontro da FIP-RJ – Plenária Final – Terceira Parte: Plenária de Organização.

A PLENÁRIA FINAL realizada no colégio Pedro II, campus Tijuca, dia 18, sábado passado, foi um dia produtivo para a organização das lutas de 2014. Discutimos os rumos de nossa ação, prioridades e estratégias. Devido ao longo debate que foi travado, decidiu-se que uma plenária exclusiva para discutir e encaminhar as questões organizativas da Frente que seriam necessárias.

Quem compareceu ao I Encontro e perdeu a Plenária Final do dia 18, poderá contribuir em mais este debate crucial para o fortalecimento da FIP-RJ, em data e local abaixo.

NÃO VAI TER COPA, NEM ELEIÇÃO, 2014 O POVO QUER REVOLUÇÃO!

capa_ORGSINDSPREV, QUINTA-FEIRA, DIA 23, ÀS 18H – PLENÁRIA ORGANIZATIVA DA FIP.
RUA JOAQUIM SILVA, 98 A – CENTRO – ATRÁS DA SALA CECÍLIA MEIRELES

I Encontro da FIP-RJ – PLENÁRIA FINAL

A PLENÁRIA FINAL será realizada neste sábado no colégio Pedro II, campus Tijuca.

Endereço: Rua São Francisco Xavier, 204
Horário: 08h (começa o recredenciamento – o começo da plenária é às 9h30)
Data: 18/01/2014

O I Encontro da FIP-RJ foi realizado na Aldeia Maracanã, em dezembro de 2013, com média de 200 participantes por dia.

Infelizmente a Plenária Final foi interrompida devido a uma ação do batalhão de choque da polícia militar, numa tentativa de invadir a Aldeia Maracanã. Felizmente, junto aos indígenas da Aldeia e pessoas que participavam do Encontro, conseguimos evitar a invasão naquele momento.

Entretanto, a Plenária Final não mais pôde ser conduzida diante da necessidade de segurança da Aldeia.

Informamos que apenas terão direito a VOTO na plenária aqueles que estão inscritos no Encontro, ou seja, que participaram do evento na Aldeia Maracanã. Os demais companheiros que por acaso não tenham participado da primeira fase do evento e que queiram participar desta plenária final serão bem-vindos e terão direito apenas a VOZ e não a voto. Precisamos encaminhar as propostas tiradas nos GTs acontecidos durante o Encontro e, por isso, não serão aceitas novas propostas, apenas discussão das propostas já encaminhadas pelos grupos.

Para a alimentação, pedimos aos companheiros que puderem que levem algo para compartilhar, para fazermos um lanche/almoço coletivo.

Saudações combativas e até sábado, companheiros!

FIP


Link para o evento no Facebook:
https://www.facebook.com/events/656491874392354/?ref=22.

Nota – Favela do Metrô

A Frente Independente Popular do Rio de Janeiro (FIP-RJ) defende de modo incondicional a resistência da Favela do Metrô-Mangueira, pelo direito à moradia que mais uma vez está sendo violado. Direito esse que não é contemplado, de modo algum, pelo “acordo” imposto pela Prefeitura no fim da semana passada. Essa é uma mobilização política que se prolonga desde 2010, quando a Prefeitura iniciou a pressão para remover essa comunidade – e tem como pano de fundo a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Aproveitamos a oportunidade para esclarecer o que se passa na comunidade, principalmente quanto ao “acordo” apresentado pela imprensa como tendo sido aceito pelos moradores. E, desde já, convocamos todos/as ativistas a se somarem ao ato de solidariedade aos moradores do Metrô-Mangueira que ocorrerá na próxima quarta-feira (15/01), saindo na UERJ às 18h.IMG_0784ELOISA SAMY: ADVOGADA DA PREFEITURA NO METRÔ-MANGUEIRA

Condenamos energicamente a postura da advogada Eloísa Samy (do Instituto dos Defensores de Direitos Humanos – IDDH), que se apresenta como “advogada representante dos moradores”, mas atuou na verdade, todo o tempo, como advogada da Polícia Militar e da Prefeitura do Rio de Janeiro. Desde a última terça-feira, quando a manifestação dos moradores ganhou contornos de verdadeira rebelião popular, a preocupação de Samy não foi, em momento algum, a defesa do direito de manifestação e resistência, e sim, a tentativa de controlar o protesto dos moradores, concordando inclusive com a presença policial no interior da comunidade.

A advogada supracitada atuou também de forma coercitiva implantando medo nas famílias ao dizer a elas “terão que sair”; minando a luta e a resistência da Favela do Metrô-Mangueira. Eloísa Samy, em momento algum, por exemplo, negociou a saída da polícia militar e do batalhão de choque, que permanecem de plantão na entrada da favela. Policiais fortemente armados “desfilam” com fuzis de guerra para intimidar os moradores. No entanto, procurou a todo o momento negociar com os moradores a saída, dada como certa.

A polícia agrediu diversos moradores: homens, mulheres, crianças, inclusive crianças menores de 10 anos de idade e também uma mulher grávida. Policiais usaram armas de fogo para retirar as famílias que resistiam. São incontáveis os abusos aos direitos humanos. Entretanto, a “defensora dos direitos humanos” estava muito mais preocupada em pôr fim, a qualquer custo, à resistência das famílias, do que denunciar as arbitrariedades da polícia de Sérgio Cabral. Polícia essa com cujos oficiais parece ter um ótimo relacionamento. Isso ficou ainda mais explícito no episódio do “acordo” proposto pela Prefeitura.

O “ACORDO”

O acordo em questão sequer contou com a presença de todos os moradores que vivem na favela, sendo assim, sem a consonância dos próprios moradores. Não houve assembleia e nem reunião para que todos os moradores pudessem participar e decidir uma proposta. Trata-se de um acordo que beneficia, de modo unilateral, a Prefeitura, pois implica a retirada em 15 dias de todas as famílias e a derrubada das casas.

A proposta da Prefeitura é o pagamento de Aluguel Social para dezoito famílias, e posteriormente colocá-las no programa Minha Casa, Minha Vida. O Aluguel Social de valor de R$ 400.00 não é suficiente para sustentar qualquer família no Rio de Janeiro, muito menos alugar um imóvel que dê o mínimo de qualidade de vida. Acrescente-se a isso a prática, bastante conhecida, dos governantes pagarem um ou dois meses de aluguel e, depois, com a desarticulação da luta, não pagarem mais. O cadastramento (ou recadastramento) foi feito às pressas sem sequer uma contagem de todas as famílias da favela. Apenas dezoito famílias foram “contempladas” pela Prefeitura, sendo unânime entre os moradores a opinião de que isso não representa nem mesmo a metade dos que moram na comunidade.

A postura de legitimação deste acordo espúrio é inadmissível e deve ser repudiada. Na última quinta-feira 09/01 Marcelo Chalréo (presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ), Eloísa Samy (advogada do IDDH) e dois representantes do núcleo de terras da Defensoria Pública acompanharam representantes da Prefeitura à comunidade para dizer que as famílias deveriam sair. Sequer se preocuparam em ouvi-las, antes de formar opinião. Não abriram a boca para falar nada sobre a presença ostensiva da polícia para aterrorizar os moradores, mas falaram grosso para coagi-los a aceitar a remoção. Eduardo Paes e Sérgio Cabral não poderiam contar com assessoria jurídica melhor.

A revolta das famílias, e o fato de que esse acordo não é representativo da sua vontade, expressou-se na chuva de ovos que lançaram contra aqueles que defendiam a proposta da Prefeitura, e na realização, horas depois, de nova manifestação na Radial Oeste.

Para nós da FIP-RJ o direito à moradia não se negocia. Estamos falando de vidas, de famílias inteiras que precisam de um teto para viver. Defendemos a justa rebelião do povo pobre, e com ele lutaremos até o fim.

O MOTIVO

A prefeitura pretende construir no espaço um Polo Automotivo, além de instalações como um parque infantil e uma academia da terceira idade. O gasto previsto é de mais de trinta milhões de reais. Isso, sem contarmos as vidas que estão envolvidas e que estão sendo removidas à força de suas casas. Como mensurar este valor?

As famílias vivem há anos e nunca foram contempladas com sequer mil reais de investimento da prefeitura. Nada de saneamento básico ou qualquer direito básico foi respeitado. Ali, na Favela do Metrô-Mangueira, as famílias estão em condições insalubres, de total miséria. E por mais absurdo que pareça, precisam lutar para viver na miséria.

FIPRJ
13/01/2014