Debate HOJE na UERJ

Uma das atividades desta semana da Frente Independente Popular, tirada em plenária, é a participação no debate que acontece hoje, às 18h, no hall do 4º andar da UERJ.

Segue o texto chamando para o evento:

“No último dia 15, durante a manifestação de apoio a greve dos profissionais da educação, o Estado promoveu uma grande repressão, detendo mais de duzentas pessoas e enviando quase uma centena para presídios de segurança máxima. É sobre a escalada de repressão e o terrorismo de Estado que iremos conversar”.

O debate acontecerá no hall do 4º andar da UERJ, às 18h de hoje (29 de outubro).

Ato pela educação pública!

Ato pela educação pública: esse acordo não é nosso!

Convocação FIP: é amanhã! Vamos parar o Rio.

Segue o texto da convocação do evento no Facebook:

“No dia 22 de Outubro os profissionais da educação tomaram um tiro nas costas. Uma reunião às portas fechadas com a presença do Ministro Fux, do secretário de educação do Estado Wilson Risolia, da secretária de educação do Município Claudia Costin e de membros da coordenação geral do SEPE, aprovaram um acordo que assinava a rendição da greve histórica de 2013 e o fim desta sem qualquer benefício para os trabalhadores da educação, para os alunos e para o povo. Nas assembleia do estado e do municipio, nos dias 23 e 24, confirmava-se o fim da greve na educação e a traição da direção do sindicato em relação aos anseios dos trabalhadores.

É preciso destacar que este acordo não contou com a participação dos mais de 100 profissionais da educação que foram em caravana para Brasília e que, infelizmente, foram impedidos pela direção do sindicato de participar da audiência, de se aproximar do Tribunal de Justiça e até mesmo de permanecer em Brasília enquanto a audiência ainda acontecia.

A luta da educação, que levou mais de 200 mil pessoas às ruas em apenas dois dias, que envolveu pais, alunos, funcionários, professores, comunidades, movimentos sociais, que se tornou uma referência de luta para todo o Brasil, foi apunhalada pela união dos governos municipal, estadual, federal e pela direção do sindicato.

Mas a luta não acabou. A revolta não acabou. As escolas públicas ainda continuam sendo reservatórios onde tacam alunos e professores considerados sem “valor”. Ainda continuam com salas de aulas lotadas, banheiros quebrados, com diretores indicados, com disciplinas com apenas 50 minutos, com turmas sendo fechadas constantemente, com alunos, professores e funcionários sendo removidos como lixo a cada novo fechamento de escola (são mais de 300 escolas, apenas do Estado, fechadas em 3 anos), com professores e funcionários mal-remunerados.

Por isso, na segunda-feira (28 de Outubro), nos concentraremos as 7h da manhã, na Rodoviária Novo Rio, para mostrar nossa revolta e dizer ao povo que apoiou nossa luta que ela não terminou e não irá terminar.

– Contra o acordão feito em Brasília.
– Repúdio total a postura do STF em relação a greve da educação
– Pela libertação de todas as presas e todos os presos políticos
– Total apoio aos manifestantes em São Paulo.
– Por uma educação a serviço do povo”.

Panfletagem na Central

Dia 01/11, às 16h30, a Frente Independente Popular – RJ fará uma nova panfletagem na Central do Brasil, denunciando os crimes do estado que no dia 15 de outubro prendeu mais de 200 manifestantes sem qualquer prova e/ou flagrante. Manifestantes que lutam por direitos que nunca tiveram; que lutam por saúde, educação, transporte etc.

Falaremos também sobre o papel da mídia em tentar distorcer os protestos legítimos, principalmente as Organizações Globo, ao criminalizar as manifestações com inverdades. Chamando, por exemplo, manifestantes de vândalos.

Venha nos ajudar nessa luta.
Disponibilizaremos o panfleto para impressão.

FIPRJ

Panfletagem em Manguinhos

Dia 30/10, às 16h30, a Frente Independente Popular-RJ fará uma nova panfletagem em Manguinhos, denunciando os crimes do estado pelo seu braço armado nas favelas do Rio de Janeiro: as UPPs.

Falaremos também sobre o crime contra o direito à moradia. Famílias estão sendo removidas de suas casas por toda a cidade, inclusive em Manguinhos.

A concentração será às 16h30 na Estação de Trem do bairro (ramal Saracuruna), e a atividade às 17h.

Venha nos ajudar nessa luta.
Disponibilizaremos o panfleto para impressão.

FIPRJ

Ninguém ficará para trás!

Texto do blog “é tudo nosso”. No link, versões em outros idiomas.

http://tudonosso.noblogs.org/post/2013/10/17/ninguem-ficara-para-tras/

 Ninguém ficará para trás

Afirmar que vivemos uma guerra não é uma ameaça, é reconhecer o que está diante dos nossos olhos. A dominação não demonstra nenhuma intenção de ceder, assim como nós não temos nenhuma de desistir. No acirramento dessa disputa muitas quedas virão, mas é preciso ter em mente que os fracassos nunca são definitivos e que fazem parte da história das vitórias.1383243No dia 16 de outubro, o Rio de Janeiro viu novamente o que a repressão é capaz. As informações ainda divergem de acordo com a fonte, mas segundo o grupo de advogados “Habeas Corpus” foram 195 detidos e desses 84 estão, nesse momento, presos. As acusações variam: formação de quadrilha ou bando, roubo, incêndio, dano ao patrimônio público, lesão corporal e corrupção de menores. A nova lei de organização criminosa está sendo usada para criminalizar muitos dos que foram pegos, o que está gerando absurdos como a busca de um líder do grupo e a invenção de supostos ganhos materiais obtidos com os“vandalismo”. Durante o protesto os policiais usaram as armas de sempre: bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, balas de borracha, armas de choque e – para não restar dúvidas quanto ao não-diálogo – armas de fogo.

600327_587053331342834_1309268690_nEsse é o resultado catastrófico que o Estado impôs a uma passeata convocada pelos professores estaduais e municipais. A greve começou no início de agosto e tem como objetivo impedir a imposição de um modelo empresarial de educação. As propostas do governo não dialogaram com nenhuma das demandas do movimento; para eles só importa o que eles querem. Essa greve, porém, não pode ser entendida isoladamente, ela faz parte de um ciclo de revoltas que explodiu na cidade e no país desde junho. Os motivos da indignação são muitos, mas está claro que a intransigência do capital será cada vez menos aceitável.

Nessa mesma semana, 17 mandatos foram expedidos contra manifestantes. Aparelhos eletrônicos foram apreendidos e,foi revelado um esquema de investigação que contava com escutas telefônicas desde julho. A partir do momento em que estar nas ruas é ser suspeito, fica claro o quão grave é a nossa situação. Não vamos pedir autorização para resistir, resistiremos. Nenhuma grade aprisionará nossa luta pela dignidade.

Agora é urgente a construção de uma rede de solidariedade aos presos. Devemos ficar atentos aos seus destinos e realizar uma campanha massiva pelas libertações. É necessário que nos organizemos para uma arrecadação massiva de fundos para os possíveis gastos. No sábado (19/10) haverá uma vigília em Bangu: contamos com a presença de todos. Haverão dois pontos de encontro para quem não souber chegar lá: às 13h na estação de trem da Central do Brasil  e às 15h na estação de trem de Bangu.

Ninguém ficará para trás!

Versão em espanhol.

Versão em francês.

Versão em grego.

Crimes de Estado

No mesmo dia em que dezenas de manifestantes foram lançados nas masmorras do Estado reacionário, por terem cometido o hediondo crime de lutarem por um mundo melhor, dezenas de pessoas atenderam ao chamado da Frente Independente Popular – RJ e participaram de ato público pela libertação dos presos políticos, na Cinelândia.

Mesmo debaixo de forte chuva, com poucas horas de mobilização, e cientes do risco que corriam em se manifestarem no dia seguinte ao que o Estado mostrou sua verdadeira face de instrumento de repressão ao povo, os manifestantes não abaixaram a cabeça e denunciaram a política fascista de criminalização da luta popular.

Dos detidos, 84 foram enviados para presídios de maiores e menores, acusados dos “crimes” mais surreais e infundados possíveis. Mas apesar do terrorismo de Estado, que tenta salvaguardar os interesses das classes dominantes neste momento em que o povo se levanta contra a ordem estabelecida; apesar da criminalização feita pelos monopólios dos meios de comunicação; apesar do ataque de quinta coluna do oportunismo, os manifestantes não sairão das ruas enquanto um companheiro que seja permaneça refém dos bandidos fardados e engravatados.

Criminosos são os grandes burgueses e latifundiários, que vivem na opulência às custas da exploração do trabalho de milhões de brasileiros!

Criminoso é o Estado, que rouba e violenta o povo diariamente de todas as formas possíveis, incluindo a violência mais extrema que é a eliminação física, como o massacre do povo pobre nas favelas e no campo. Criminosos são os monopólios dos meios de comunicação, que criminalizam a justa revolta popular!

Presos políticos, liberdade já!
Lutar não é crime, vocês vão nos pagar!

Viva a luta popular!
Rebelar-se é justo!
Não vai ter Copa!

De que lado estamos?

Reproduzimos nota de alunos de diferentes áreas das Ciências Sociais do estado do Rio de Janeiro.

De que lado estamos?

Nós, alunos de pós-graduação de diferentes áreas das Ciências Sociais do Rio de Janeiro, vimos a público nos contrapor à caracterização elaborada por intelectuais a respeito dos grupos que compõem as recentes manifestações que tomaram as ruas do Brasil nos últimos meses. São declarações para a imprensa, para corporações militares, e em congressos científicos que nada mais fazem além de generalizar o perfil e propósitos políticos de diferentes grupos empenhados na defesa de valores sociais democráticos, terminando por contribuir para a criminalização de suas ações, assim como para a repressão violenta e perseguições políticas realizadas por agentes e instituições do Estado. Em apoio à nota publicada pela Frente Independente Popular (http://frenteindependentepopular.wordpress.com/2013/09/17/o-que-e-isso-professora/), nos propomos matizar tais interpretações sobre a natureza política das manifestações desde uma perspectiva das ruas, onde temos nos feito presentes.

Distintas organizações laborais e estudantis populares e militantes independentes que compõem as manifestações se colocam contra a privatização e degradação de espaços e serviços básicos, contra a remoção compulsória de milhares de pessoas em benefício de grandes eventos e obras, contra o genocídio da população negra e indígena, pela reforma agrária, pela destinação prioritária de recursos públicos à educação, saúde e transporte. No Rio de Janeiro, particularmente, enfrentamos o número alarmante de 120 mil negros mortos e desaparecidos nos últimos dez anos, dados publicados recentemente em estudo (http://observatoriodefavelas.org.br/noticias-analises/10-mil-mortes-em-10-anos/), a expulsão truculenta pela Polícia Militar de indígenas do antigo Museu do Índio pelo governo do estado para satisfazer aos empresários da Copa do Mundo de Futebol, e a troca espúria de interesses entre empresários e governo, como é o caso dos transportes públicos. Às margens da atuação de grupos e partidos que cultivam os mesmos princípios, porém estagnados na ação institucional e recuada de intervenção na realidade social, a forma manifestação foi propulsionada nos últimos meses em proporções inéditas na história do país, tendo por objetivo fundamental denunciar as raízes sociais da profunda desigualdade e desrespeito à diversidade sociocultural que perseveram no Brasil. Em resposta, somam-se mais de dois mil detidos, dezenas de feridos graves, alguns mortos, e muitos seguem criminalmente indiciados. Há relatos de torturas e ameaças contra esses mesmos manifestantes identificados pelo aparato policial.

Agrupar manifestantes e manifestações sob o rótulo reducionista de um suposto fascismo em nada contribui tanto para uma compreensão ampliada da conjuntura, quanto para o avanço de pautas e discussões políticas defendidas, não apenas por manifestantes, mas pelos que agora vêm a público delimitar erroneamente seu perfil e suas motivações. Partindo de um reducionismo abstrato, esta análise da luta de classes no Brasil confina-se a dois pressupostos: 1) o dualismo “direita e esquerda” e 2) dados e reflexões sobre o sistema eleitoral a partir de uma perspectiva hiperinstitucional. Ou seja, sob este ângulo, posicionamentos políticos restringem-se à dicotomia “direita e esquerda” dentro do sistema partidário, e o atual sistema representativo é qualificado a priori como democrático. Assim, qualquer crítica geral aos partidos e ao sistema eleitoral é identificada como contrária à “democracia”.

Do mesmo modo, fala-se, não sem causar espanto, em “perda de poder dos ruralistas” a partir da aceitação de certas classificações sobre a composição produtiva nacional, tornando a análise novamente pobre e reducionista, por desconsiderar um importante conjunto de estudos que comprovam a centralidade do agronegócio na política macroeconômica nacional. Nos últimos dez anos foram aprovadas, por exemplo, diversas leis que favorecem este setor da classe dominante, encontrando nas recentes alterações do Código Florestal um de seus emblemas. As condições de possibilidade que culminaram na copiosa elaboração de leis ruralistas nos últimos anos são recuperadas em trabalho recente (Partido da Terra, Alceu Luis Castilho), apontando os vínculos de representantes políticos de todo o país com a posse e concentração de propriedades rurais. Ao reificar o discurso do Estado, alinha-se ao seu projeto desenvolvimentista, e contribui-se para a manutenção de uma ordem social definida hiperinstitucionalmente como “democrática”, mas que tem continuamente defendido os interesses de grandes grupos econômicos e das oligarquias por todo país.

O Levante Popular, a Revolta do Vinagre ou as Jornadas de Junho possivelmente desencadearam um novo processo de mobilização e manifestações pelo país que escapa à atuação de partidos políticos e organizações populares, sindicais e estudantis institucionalizadas. Tais enquadramentos conceituais por parte de cientistas sociais compactuam diretamente com a violenta repressão e criminalização realizada pelo Estado contra manifestantes e movimentos sociais, e com a manutenção das desigualdades sociais. Revela, ainda, a continuidade das reações autoritárias, e o apagamento deliberado da violência do Estado perante o acirramento de conflitos históricos.

Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2013.

Assinam este texto:
Discentes do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Museu Nacional/UFRJ
Discentes do Programa de Pós-Graduação em Antropologia – UFF
Discentes do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia – UFRJ

Discentes do Programa de Pós-Graduação em Agricultura, Sociedade e Desenvolvimento – UFRRJ:

Ariane Brugnhara
Maria Luiza Duarte Azevedo Barbosa
Sérgio Botton Barcellos
Vanessa Hacon
Frederico Magalhães Siman
Rômulo de Souza Castro
Dan Gabriel D’Onofre

Discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – PUC:

Amanda Costa Reis de Siqueira
Claricio dos Santos Filho
Janderson Bax Carneiro
Fernanda Maria de Almeida
Paulo Emilio Azevedo
Jonas Soares Lana
Eduardo José Diniz
Alessandra Maia Terra de Faria
Olivia Nogueira Hirsch
Carla Soares
Gabriel Improta
Thelma Beatriz Carvalho Cajueiro Lersch
Paula Campos Pimenta Velloso
Guilherme Gonçalves
Marcele Frossard de Araujo
Laura de Almeida Rossi
Luisa Santiago Vieira Souto
Leonardo Seabra Puglia
Ana Carolina Canegal Pozzana
Beatriz Brandão dos Santos
Thiago Fernandes
Caroline Araújo Bordalo